Capítulo 7. Competências emocionais e sociais em contexto pós-pandémico, de guerra e de alterações climáticas

AutorFátima Gameiro y Paula Ferreira
Cargo del AutorInstituto de Serviço Social/ Universidade Lusófona ? CUL, Investigadora CISIS
Páginas106-122
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CAPÍTULO 7
COMPETÊNCIAS EMOCIONAIS E SOCIAIS EM
CONTEXTO PÓS-PANDÉMICO, DE GUERRA E DE
ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
FÁTIMA GAMEIRO
Instituto de Serviço Social/ Universidade Lusófona – CUL
Investigadora CISIS
PAULA FERREIRA
Instituto de Serviço Social/ Universidade Lusófona – CUL
Investigadora CISIS
1. INTRODUÇÃO
Ao longo do ciclo vital o indivíduo desenvolve habilidades, atitudes e
valores necessários para adquirir competências emocionais e sociais
(CES) (Hutzel et al., 2010). É neste processo que desenvolve a capaci-
dade para integrar os seus pensamentos, sentimentos e comportamentos
que lhe permitem alcançar qualidade de vida (Zins et al., 2007). As CES
traduzem-se num domínio multidimensional e podem ser definidas
como a capacidade para compreender, gerir e expressar questões emo-
cionais e sociais de modo a alcançar uma gestão bem-sucedida do quo-
tidiano (Elias et al., 1997). Estas competências, tais como ser capaz de
reconhecer e gerir emoções, estabelecer relacionamentos saudáveis, es-
tabelecer metas positivas, tomar decisões responsáveis e éticas e ainda,
ter em consideração as suas necessidades pessoais e sociais são funda-
mentais para um funcionamento adaptado.
Ao longo da história, estas competências têm tido diversas designações,
tais como “inteligência social e emocional” (Salovey & Mayer, 1990),
“competência social e emocional” (Elias et al., 1997) e “alfabetização
emocional” (Park et al., 2003). As CES incluem capacidades como, au-
toconhecimento emocional (reconhecimento de emoções, identificando
e dando um rótulo aos sentimentos, o reconhecimento de pontos fortes
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permite identificar e promover qualidades positivas), empatia (consci-
ência social, nomeadamente a tomada de perspetiva, identificando e
compreendendo os pensamentos e sentimentos dos outros, permite a
apreciação da diversidade, a compreensão de que as diferenças indivi-
duais e de grupo se complementam e fazem com que o mundo se torne
mais interessante), motivação (monitorização e a regulação dos senti-
mentos, o estabelecimento de metas, estabelecendo e trabalhando para
alcançar metas pró-sociais, a curto e a longo prazo), tomada de decisão
(análise de situações, permite perceber com precisão quando uma deci-
são deve ser tomada, avaliando fatores que possam influenciar a res-
posta, assumir a responsabilidade pessoal, compreendendo a obrigação
de envolvimento em comportamentos éticos, seguros e legais, o respeito
pelos outros, acreditando que os outros devem ser tratados com bondade
e compaixão, estando motivados para contribuir para o bem comum e
para a resolução de problemas, gerando, implementando e avaliando so-
luções para problemas de forma positiva e informada) e habilidades so-
ciais (capacidade de relacionamento, engloba a comunicação, o uso de
habilidades verbais e não-verbais para expressar e promover trocas po-
sitivas e eficazes com os outros, a construção de relações, estabelecendo
e mantendo conexões saudáveis e gratificantes com indivíduos e grupos,
a negociação, atingindo resoluções mutuamente satisfatórias para con-
flitos, tendo em consideração as necessidades de todos os envolvidos, e
a recusa, adotando a decisão de não envolvimento numa conduta inde-
sejada, insegura, não ética ou ilegal) (Zych et al., 2018).
As competências emocionais (CE) são atributos, a nível pessoal, que se
relacionam com a saúde mental, performance académica e/ou com o
contexto de trabalho. Perante um desenvolvimento bem-sucedido surge
uma resiliência adaptativa que permite ultrapassar eficazmente circuns-
tâncias da vida stressantes (Denham et al., 2009), melhorias em termos
psicológicos, somáticos e de ajustamento, com diminuição do nível de
stress e de queixas somáticas e incremento da qualidade das relações
sociais (Kotsou et al., 2011). As competências sociais (CS), também
atributos a nível pessoal, facilitam um funcionamento adaptativo e um
ajustamento positivo e o posterior atingir de metas, apesar das advertên-
cias ou stress que possam surgir ao longo da vida. Neste sentido, ter este

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