Capítulo 21. Prática de judo e comportamento agressivo em crianças e jovens com medida de acolhimento residencial
Autor | Rogério Jorge, Fátima Gameiro, Ana Pedro y Miriam Almeida |
Cargo del Autor | Instituto de Serviço Social/ Universidade Lusófona ? CUL Santa Casa da Misericórdia de Santarém / Instituto de Serviço Social/ Universidade Lusófona ? CUL Investigadora CISIS / Santa Casa da Misericórdia de Santarém / Santa Casa da Misericórdia de Santarém |
Páginas | 354-373 |
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CAPÍTULO 21
PRÁTICA DE JUDO E COMPORTAMENTO
AGRESSIVO EM CRIANÇAS E JOVENS
COM MEDIDA DE ACOLHIMENTO RESIDENCIAL1371
ROGÉRIO JORGE
Instituto de Serviço Social/ Universidade Lusófona – CUL
Santa Casa da Misericórdia de Santarém
FÁTIMA GAMEIRO
Instituto de Serviço Social/ Universidade Lusófona – CUL
Investigadora CISIS
ANA PEDRO
Santa Casa da Misericórdia de Santarém
MIRIAM ALMEIDA
Santa Casa da Misericórdia de Santarém
1. INTRODUÇÃO
A literatura conceptualiza a agressão como comportamentos que produ-
zem um impacto negativo tanto para a vítima como para o agressor (An-
derson & Bushman, 2002; Berkowitz, 1993). Para que o comportamento
possa ser considerado como agressivo, é necessário que o agressor tenha
intenção em causar dano à vítima ou ao objeto alvo da agressão (Ander-
son & Bushman, 2002; Berkowitz, 1993). No Manual Diagnóstico e Es-
tatística de Transtornos Mentais (DSM V) da American Psychiatric As-
sociation (APA, 2013), o comportamento agressivo é considerado um
padrão persistente do comportamento que atua de modo a atingir outros
indivíduos e/ou infringir normas ou regras sociais.
137 Entidade Financiadora: Portugal Inovação Social. Cofinanciamento: POISE, PORTUGAL
2020; UE- FSE e pelos Investidores Sociais: Associação Dom Pedro V; Câmara Municipal de
Santarém; Diversey; Crédito Agrícola; Softgold. Parceiros: Instituto Politécnico de Santarém;
Universidade Lusófona- Instituto de Serviço Social e HEI Lab; Noémia Igreja, Lda.; Projeto
Mya; Associação de Judo de Santarém.
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Na análise das características particulares do Relatório CASA 2020
(ISS, 2021), são identificados problemas de comportamento em 27% das
crianças e jovens acolhidos (1.825). Estes problemas ocorrem maiorita-
riamente entre os jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 17
anos (77%), são maioritariamente do tipo ligeiro (72%) e estão associa-
dos a particularidades da adolescência (atitudes de desafio, impulsivi-
dade, oposição e fugas breves). Os problemas com gravidade média sur-
gem em 24% das situações, sendo caracterizados por agressões físicas,
pequenos furtos, destruição de propriedade sem grandes prejuízos e fu-
gas prolongadas. Os problemas graves têm uma expressão de 3%, tra-
duzida em roubos com confrontação com a vítima, utilização de armas
brancas, atividade sexual forçada e destruição de propriedade com pre-
juízos consideráveis.
De acordo com Silva (2016), quando os comportamentos de agressão
entre pares acontecem no contexto de acolhimento residencial, existe
uma exposição acrescida aos perpetradores, dado que partilham a
mesma habitação, havendo acesso fácil a nível físico e à informação
pessoal. Estas condições podem facilitar o agressor a prejudicar, a hu-
milhar ou a controlar os seus alvos, com o intuito de obter recompensas,
tais como, a sensação de controlo e poder, elevação do estatuto entre o
grupo de pares, libertação emocional, entretenimento ou ganhos materi-
ais. De acordo com o mesmo autor, as crianças e jovens podem ter vi-
venciado experiências familiares anteriores difíceis e podem também ter
passado por vários locais de acolhimento. Estas experiências exigem
uma capacidade de adaptação constante com probabilidade da manifes-
tação de comportamentos de agressão, enquanto a criança ou jovem luta
para encontrar o seu lugar no novo contexto. Dado que os principais
motivos para acolhimento residencial das crianças e jovens se relacio-
nam com situações de negligência e maus-tratos, é expectável que o seu
comportamento reflita as condições a que foram submetidas pré acolhi-
mento. Neste contexto, a literatura identifica que as crianças com pelo
menos um registo oficial de maus-tratos, entre as idades dos 0 aos 10
anos, têm uma frequência significativamente maior de comportamentos
agressivos aos 12 anos (Fagan, 2020).
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