Neofascismo: a ideologia da maldade

AutorWladimir Tadeu Baptista Soares
Páginas259-283
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NEOFASCISMO: a ideologia da maldade
WLADIMIR TADEU BAPTISTA SOARES
1. INTRODUÇÃO
O fascismo teve origem na Itália em 1922 liderado por Benito Mussolini
(líder do Partido Nacional Fascista), que, posteriormente, veio a assumir o poder
daquele país, implantando um regime totalitário, onde o governo controlava e
vigiava os passos do seu povo, além de estabelecerem práticas arbitrárias e vio-
lentas de punição a quem emitisse opiniões contrárias aos seus ideais, não admi-
tindo nenhuma forma de oposição.
As principais características do fascismo são bem conhecidas: ultranacio-
nalismo, perseguição aos opositores, figura de um “líder” (“herói”), estado tota-
litário, culto à violência, ultraconservadorismo, e discurso de ódio e intolerância.
Ao longo da história, o fascismo recebeu várias denominações, depen-
dendo do país em que ele se desenvolveu. Assim, por exemplo, na Itália, Fascismo
foi o regime implantado por seu líder, Mussolini. Na Alemanha, de Adolf Hitler,
foi o Nazismo. No Brasil, foi o Integralismo. Na Argentina, foi o Nacionalismo. No
Peru, foram os Camisas Pretas. No Egito e na China, foram os Camisas Azuis. Na
Colômbia, foram os Leopardos.
Neofascismo é uma ideologia de extrema direita surgida logo após a Se-
gunda Grande Guerra Mundial, caracterizado por elementos significativos do
fascismo, incluindo nacionalismo, nativismo, anticomunismo e oposição ao sis-
tema parlamentarista e à própria democracia. Além disso, o neofascismo é uma
ideologia que estimula a perseguição contra imigrantes (xenofobia) e políticos de
esquerda ou de extrema esquerda, agregando políticas neoliberais. Nesse sentido,
consideramos o neoliberalismo a dimensão econômica do neofascismo. Além do
mais, manifestações homofóbicas e racistas são comportamentos comuns dos
neofascistas.
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Nos últimos anos, em vários países mundo afora, o neofascismo vem ga-
nhando força política e econômica, constituindo uma grave ameaça real à Demo-
cracia e ao Estado de Direito. Mais do que isso, representa um duro ataque ao
Estado Social e, consequentemente, aos direitos sociais e, em particular, a todos
os direitos humanos elencados na Declaração Universal dos Direitos Humanos,
da ONU.
Nesse sentido, o neofascismo se revela como um risco para todos os avan-
ços civilizatórios conquistados a duras penas, ao longo da história da humani-
dade. Por isso, a relevância do tema. Por isso, a importância de uma educação
para os direitos humanos e a paz.
2. SOBRE A IDEOLOGIA, O FASCISMO E O TOTALITARISMO
Ideologia está sempre associada à ideia de poder: um poder ideológico,
que, no caso do fascismo, brota da boca do líder fascista aquele que cria uma
realidade paralela, inexistente no mundo real, mas que ganha seguidores como
verdade absoluta, imutável e inquestionável, em um ambiente de delírio coletivo,
capaz de levar a atos de brutal violência contra aqueles que não perderam o senso
de realidade e que, portanto, não se rendem às mentiras contadas por um líder
delirante e mau. Nas palavras de Terry Eagleton: “o termo ideologia, em outras
palavras, parece fazer referência não somente a sistemas de crença, mas a ques-
tões de poder. [...] A ideologia tem a ver com legitimar o poder de uma classe ou
grupo social dominante” (EAGLETON, 2019, p. 21).
No fascismo, não há Estado de Direito, sendo a democracia destruída por
dentro, vítima de um golpe institucional. O que se pretende é um Estado totali-
tário, que silencia a sociedade civil, promove uma confusão entre aquilo que é
público e aquilo que é privado, e a imprensa passa a ser controlada, devendo estar
a serviço das ideias fascistas. Quem se contrapõe às suas ideias é considerado
inimigo da nação e do povo, e, por isso, deve ser eliminado.
Segundo Federico Finchelstein,
O fascismo defendia a forma divina, messiânica e carismática de liderança
que concebia o líder como organicamente ligado ao povo e à nação. Ele
considerava a soberania popular totalmente conferida ao ditador, que agia
em nome da comunidade de indivíduos e sabia melhor do que eles o que
eles realmente queriam. Os fascistas substituíram a história e as noções
com bases empíricas da verdade pelo mítico político. Eles tinham uma
concepção extrema do inimigo, considerando-o c omo uma ameaça exis-
tencial à nação e a seu povo, que deveria, de início, ser perseguido e, então,
deportado e eliminado. O fascismo visava criar uma ordem mundial

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